sábado, 2 de julho de 2011

Violência Urbana e a Mídia

Este artigo é referente a disciplina Expressão da Questão Social I - cidades, escrito

pela aluna Marcelle Ferreira Ribeiro.

Violência Urbana e a Mídia

Não se pode negar que a violência urbana é um assunto que está sempre em debate na nossa sociedade e que a mídia, exerce um importante papel na nossa sociedade contemporânea. Mas como se dá a relação entre mídia e violência urbana? Como a violência urbana é retratada por ela? São assuntos que pretendo tratar ao decorrer desse artigo. Como base desse artigo, foi selecionada uma reportagem da revista Veja, que traz algumas das principais reportagens de capa sobre o tema da violência.

Primeiramente é importante entender o contexto da palavra violência. Para Minayo e Souza “a violência consiste em ações humanas de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de outros seres humanos ou que afetam sua integridade física, moral, mental ou espiritual.” (1998, p. 514). É importante ressaltar que a violência é um fenômeno mundial, de alta pluricausalidade.

Neto e Moreira corroboram com o tema, ao afirmarem que

é preciso reforçar a perspectiva de que a violência não é um fenômeno uniforme, monolítico, que se abate sobre a sociedade como algo que lhe é exterior e pode ser explicado através de relações do tipo causa/efeito como “pobreza gera violência” ou “o aumento do aparato repressivo acabará com a violência”. Pelo contrário: ela é polifórmica, multifacetada, encontrando-se diluída na sociedade sob o signo das mais diversas manifestações, que interligam-se, interagem, (re)alimentam-se e se fortalecem. (1999, p. 34).

Segundo Costa, “a violência, seja no campo ou nas cidades, sempre ocorreu, assumindo formas específicas conforme o momento histórico, e atingindo, preferencialmente, as camadas subalternas da população.” (1999, p. 3).

Neto e Moreira afirmam que a violência urbana é

apontada pela população das grandes metrópoles como sua principal preocupação, inserida em conteúdos programáticos de partidos políticos das mais díspares tendências, objeto de atuação de diferentes organizações não governamentais (ONGs), este fenômeno torna-se um assunto do quotidiano, sem que se tenha encontrado uma linha de atuação que contemple mais adequadamente os meios de prevenção e as formas de assistência. (1999, p. 34).

Segundo Costa (1999), no final dos anos de 60 e 70, jornais e revistas começaram a enfatizar o tema da violência em seus conteúdos, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Ainda de acordo com Costa, há uma variação nas características dos atos violentos com o decorrer dos anos.

Nos anos 70, assaltos brutais, tráfico de drogas e de armas, extermínios, homicídios e chacinas, praticados por policiais, bandidos ou pessoas comuns, multiplicaram-se em uma proporção assustadora. (...) Na década de 90, o sentimento das pessoas que vivem nas cidades brasileiras é de medo e perplexidade diante da brutalidade de muitos crimes, assaltos e homicídios. (1999, p. 3)

A reportagem da revista Veja, traz para o leitor as principais reportagens capa relativas a violência urbna, de um determinado período de tempo, e explicita quais foram os principais crimes ocorridos, que "mereceram" ganhar destaque na revista e consequentemente foram para a capa.

A primeira reportagem de capa da revista Veja sobre violência, foi em 1969, onde destacava a rapidez, a organização, a violência dos bandidos e o despreparo da polícia, no enfrentamento. Segundo essa reportagem, a criminalidade no Rio de Janeiro, sempre teve grande destaque na mídia. Em 1988, o assunto era a morte do traficante de drogas, chefe do morro da Rocinha.

Nos anos 90, dois crimes brutais chamaram atenção, o primeiro foi o massacre da candelária, em 1993, onde sete crianças foram mortas. E dois meses depois um grupo de extermínio, composto por integrantes da Polícia Militar (PM), invadiu a favela de Vigário Geral e matou 21 inocentes. A notícia de corrupção dentro da própria PM, e o envolvimento das autoridades em crimes era cada vez mais frequente.

Na década seguinte, o medo e a insegurança eram cada vez maiores. As reportagens relatavam à impunidade dos criminosos, a corrupção das autoridades, a falta de rigor na batalha contra a violência, dentre outros aspectos.

As principais notícias que ganham destaque na mídia, nos dias atuais são a corrupção, violência no trânsito, assaltos seguidos por morte, sequestros relâmpagos, golpes telefônicos, dentre outros.

A violência, a questão da segurança pública, são assuntos que estão sempre presentes, não só no debate político, mas também no nosso cotidiano. Diante dessa realidade desafiadora, é cobrado do Assistente Social esse debate, pois segundo Xavier,

Ao aproximarmos o Serviço Social desse debate, percebe-se o grau de importância de sua participação nessas discussões, visto que o assistente social se configura como um profissional que é cotidianamente chamado a intervir nas relações de violência sejam elas explícitas ou implícitas. (2008, p. 278).

Conclui-se, portanto, que a violência urbana é um assunto que está sempre presente na sociedade contemporânea e, consequentemente, ganha enorme destaque na mídia, desde jornais e reportagens a programas de televisão específicos. Quando exposto esse tema ao Serviço Social, verificou-se, a importância deste acompanhar o debate, seja pela sua intervenção em relações de violências (direta ou indiretamente), seja pelo papel que ele exerce na formulação de políticas públicas.


REFERÊNCIAS

COSTA, Márcia Regina da. A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira? São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 3-12, out./dez. 1999.

MINAYO, M. C. de S.; SOUZA, E. R. de. Violência e Saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. Revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 513-531, nov./fev. 1998.

NETO. C.; MOREIRA, M. R. A concretização de políticas públicas em direção à prevenção da violência estrutural. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 33-52, 1999.

XAVIER, Arnaldo. A construção do conceito de criminoso na sociedade capitalista: um debate para o Serviço Social. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 274-282, jul./dez. 2008.

http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/violencia-urbana-crimes-bandidos-assaltos-sequestros-armas-trafico-impunidade.shtml

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