terça-feira, 12 de julho de 2011

Discussão com base nos textos dos autores Raichelis e Carvalho.

Discente: Penélope Gomes Mora Cortés

Questão: Considerando as transformações decorrentes do processo de globalização das mudanças no mundo do trabalho e do novo caráter do Estado, discuta o papel das metrópoles na contemporaneidade.

Com um Estado desenvolvimentista e um processo de substituição de importações, transformaram a sociedade agrária para um centro urbano industrial. Fenômeno que provocou mudanças na estrutura de produção do país, com uma expansão e diferenciação do mercado de trabalho e da estrutura social, com a instalação de empresas nacionais e multinacionais nos centros urbanos. Tal fato provocou o crescimento urbano desordenado, através das grandes imigrações para esses espaços urbanos com a possibilidade de acesso a vários serviços, oportunidades de trabalho e ascensão social, levando a constituição que terminaram por assumir uma configuração metropolitana.

A industrialização e a constituição do mercado nacional no Brasil proporcionaram a formação de estruturas urbanas desiguais entre regiões, através da concentração de poder econômico e serviços modernos nas metrópoles criam uma polarização crescente entre os espaços, afetando as condições ocupacionais dos indivíduos. A urbanização acelerada dos hoje, grandes centros urbanos, foi incapaz de assegurar aos indivíduos condições de trabalho adequado, assim como a melhoria na qualidade de vida de toda a sociedade. Trabalhos e serviços precarizados, mão-de-obra não qualificada, população fora do mercado de trabalho, aumento da terceirização e a falta de intervenção do Estado, esse como instrumento regulador funcional para o capital e mínimo para políticas sociais. São conseqüências da constituição de grandes metrópoles e a globalização na contemporaneidade que acentuam as desigualdades sociais.

A globalização permitiu a revitalização do espaço urbano, através das grandes metrópoles, e seu crescimento que qualifica e desqualifica espaços em função da mundialização, impactando nas relações sociais e formas de trabalho, no funcionamento do território e da organização da sociedade. A globalização contribui para um processo inacabado e contraditório com efeitos para diferentes regiões, onde cidades transformam-se em pontos e nós dos fluxos de uma rede enorme e articulada, constituindo em espaços nacionais da economia internacional. (CARVALHO, 2006). Contudo, esse fenômeno permitiu múltiplas desigualdades sociais e intensifica a hierarquização social e a dualização de estruturas urbanas.

Referências:

CARVALHO, I. M. M. de. Globalização, metrópoles e crise social no Brasil. EURE (Santiago), vol. 32, n. 95, p. 5-20, 2006.

RAICHELIS, Raquel. Gestão pública e a questão social na grande cidade. Lua Nova, São Paulo, 69:13-48, 2006.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

*Questão para discussão*


Questão para a discussão com base no texto: Globalização, metrópoles e crise social no Brasil. (CARVALHO, 2006).

Por: Letícia S. Kaizer

Questão: Considerando as transformações decorrentes do processo de globalização, das mudanças no mundo do trabalho e do novo caráter do Estado, discuta o papel das metrópoles na contemporaneidade.

R.: De acordo com Carvalho (2006), as metrópoles modernas, salvo suas especificidades, se transformam em sítios estratégicos para as operações econômicas globais dos seus países (deixando de ser sistemas autocentrados), concentrando as funções de mando, as atividades financeiras e serviços especializados como seguros, consultorias, publicidade ou informática, além da produção imobiliária, porém, essas características não são apenas espaciais, estão associadas a um conjunto de medidas para resgatar a taxa de lucro, assegurar competitividades de empresas, viabilizando um processo global, o da acumulação. A autora relata que algumas mega-aglomerações, que adquiriram uma renovada importância, funcionam como rede de nós articulados, por onde circulam os mais importantes fluxos de informação, capital e recursos. Se tornam cada vez mais estratégicas para o capital global, pois possibitam a concentração do poder econômico, das sedes das grandes corporações, dos controles dos meios de comunicação, entre outros, viabilizando uma polarização crescente entre esses espaços e o resto do mundo e o aumento das diferenciações internas em cada uma das áreas envolvidas.

Referência

CARVALHO, I. M. M. de. Globalização, metrópoles e crise social no Brasil. EURE (Santiago), vol. 32, n. 95, p. 5-20, 2006.

domingo, 10 de julho de 2011

Questão para discussão com base no Texto da Raichelis

Questão para discussão com base no texto da Raichelis

Aluna: Vanessa Costa Pereira

Questão 4) Como se colocaria, na contemporaneidade, a pobreza urbana e quais as principais formas de representação no espaço público utilizados pelos segmentos empobrecidos?

Para Raichelis, mediante o estudo que oferece subsídios para a análise das novas expressões da questão social e urbana nas grandes metrópoles contemporâneas, denominado "gestão pública e a questão social na grande cidade", na reflexão tomada por Wacquant (2001), a pobreza urbana na contemporaneidade se coloca através de um "novo" discurso moralizador e higienista, onde esse discurso, organiza as representações sobre a pobreza e as interações sociais nas metrópoles.

Ao se referir a essa concepção moralista, o autor coloca que, os pobres ainda são culpabilizados pela sua situação de pobreza e exclusão, trazendo novamente ao discurso a visão estigmatizadora que as classes populares no século XIX também enfrentaram.

Nesse sentido, as representações sobre a pobreza urbana é vinculada pelo discurso higienista que, antes apontava o cortiço como locus da doença e do contágio além da representação de classe perigosa, também levando em conta a rua, o cortiço e, os enclaves fortificados distantes do centro.

RAICHELIS, Raquel. Gestão pública e a questão social na grande cidade. Lua Nova, São Paulo, 69:13-48, 2006.
Questão para discussão com base no texto: Globalização, metrópoles e crise social no Brasil.

Pela aluna: Marcelle Ferreira Ribeiro

1) Considerando as transformações decorrentes do processo de globalização das mudanças no mundo do trabalho e do novo caráter do Estado, discuta o papel das metrópoles na contemporaneidade.

Segundo Carvalho (2006), as grandes metrópoles funcionariam como uma rede de nós articulados , para a circulação dos fluxos de informação, capital e recursos. Elas são extremamente indispensáveis para o capital, concentram o poder econômico, as sedes das grandes empresas, controlam os principais meios de comunicação e os serviços produtivos modernos. A partir daí, há uma polarização crescente entre as metrópoles e o demais espaços, elevando assim, as diferenças internas de cada área diretamente envolvida.
Em decorrência da globalização, há a revitalização e o crescimento das grandes aglomerações metropolitanas, onde essas se transformam em sítios estratégicos para as operações econômicas globais de seus países, como demonstrado acima, principalmente pela concentração do poder econômico, ou seja, as metrópoles concentram as principais atividades financeiras e serviços especializados (seguros, publicidades, produção imobiliária).
De acordo com Carvalho (2006), "a evolução recente das metrópoles brasileiras vem sendo marcada principalmente pelo crescimento das desigualdades e da exclusão." Essa é uma consequência, do acúmulo das riquezas em determinados espaços.
Ainda segundo a autora, "no âmbito das grandes cidades, a concentração dos fluxos dinâmicos da nova economia e de grupos afluentes que consomem bens, serviços, valores e modas de forma voraz e infatigável vêm ampliando igualmente a segmentação e diferenciação."
Conclui-se, portanto, que as metrópoles exercem um importante papel na sociedade contemporânea, visto que concentram o poder econômico e os principais serviços. Mas é relevante demonstrar, que essa concentração, cada vez mais, torna a sociedade desigual, o que influencia, direta e indiretamente na vida da população.

CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de. Globalização, metrópoles e crise social no Brasil. EURE, Santiago, v. 32, n. 95, p. 5-20, 2006.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

CRIMINALIDADE DA POBREZA E MÍDIA.



Este artigo faz parte da avaliação da disciplina: Expressão da Questão Social I - Cidades



CRIMINALIDADE DA POBREZA E MÍDIA.

Penélope Gomes Mora Cortés

É sabido que em meados dos anos 70, o modo de produção capitalista passa por um momento de crise, na qual sua taxa de lucro reduz significativamente, levando-o a um processo de reestruturação, redefinindo o papel do Estado perante a sociedade, reduzindo-o ao mínimo para a área social e ampliando-o ao máximo para os assuntos econômicos, ou seja, o mercado.

Nesse processo de transformação capitalista, o mundo da produção e do trabalho sofre alterações. As relações de trabalho se tornam flexíveis e precárias, parte do trabalho humano é substituído pela tecnologia de ponta, no qual uma parcela significativa dos trabalhadores é expulsa de seus postos de trabalho, gerando um desemprego estrutural e uma população estagnada, que segundo Marx, seria uma vertente da superpopulação relativa, aqueles indivíduos extremamente pauperizados que nem mais possuem condições de serem explorados pelo capital, ou seja, de inserir-se no mercado.

Em conseqüência da construção histórica que se desenvolveu, os níveis de pobreza, violência e criminalidade passaram a crescer cada vez mais, gerando um clima de instabilidade política e social, o qual a questão social assumiu novas configurações e manifestações. Diante desse contexto, o Estado com o objetivo de impossibilitar um contexto de desordem social, passa a adotar novas formas de enfrentamento da questão social, através da construção de políticas assistenciais precárias e focalizadas.

No final dos anos 70 ocorreram mudanças significativas, como o aumento da urbanização, industrialização, sofisticação e expansão do mercado de consumo. A combinação de crescimento e desigualdade marcou os mais variados aspectos, como nos serviços de saúde, educação básica se expandiram, mas ao custo de uma queda da qualidade dos serviços e de salários extremamente baixos pagos pela força de trabalho e complexificação da estrutura social que foram acompanhados por autoritarismo, supressão da participação política da maioria da população, uma distribuição extremamente desigual da renda e uma constante tentativa de manter a hierarquia social.

É importante destacar o aumento acelerado e desordenado de imigrantes, nas áreas urbanas, ocupando alguns dos velhos bairros proletários ou na periferia da cidade, em vilas e parques caóticos. Esse processo de mudança social e reestruturação econômica combinam-se com o aumento da violência e o medo, gerando novas formas de segregação espacial e discriminação social.

O crescimento econômico teve como conseqüência a ampliação dos níveis de pobreza e desigualdades sociais. A partir desse marco as noções de periferia e segregação urbana abrem um leque de temas relacionados às carências e aos problemas urbanos de grandes cidades. (RAICHELIS, 2006).

Os indivíduos, geralmente a classe privilegiada, com o medo da violência e criminalidade na sociedade incorporam preocupações raciais e étnicas, preconceitos de classes e referências negativas aos pobres e marginalizados. Pode-se ver que o crime, o medo da violência e o desrespeito aos direitos da cidadania têm se combinado a transformações urbanas para produzir um novo padrão de segregação espacial nas últimas décadas.

A sociedade reorganiza o discurso simbólico sobre o crime elaborando preconceitos e naturalizando a percepção de certos grupos como perigosos. Ela divide o mundo e criminaliza certas categorias. Essa criminalização simbólica faz parte de um processo social e é difundida até mesmo pela categoria estereotipada (classes subalternas).

A combinação do medo da violência, reprodução de preconceitos, contestação de direitos, discriminação social e criação de novas fórmulas para manter grupos sociais separados tem características específicas e perversas de muitas cidades. Em geral as pessoas mais pobres de uma área, no debate a favela, são associadas a criminosos e sempre referidas nos termos mais depreciativos.

Vale ressaltar que a identidade é uma construção sócio-histórica que se dá em virtude dos diversos ambientes sociais, dos sentimentos e interesses compartilhados, das tentativas de se diferenciar dos demais e de apreender cognitivamente a si mesmo – o que implica numa dinâmica segundo a qual o vínculo entre si e os demais parceiros é sempre mediado pela presença do outro.

Em relação aos moradores da favela e de suas comunidades se enfatiza a violência, o crime, o tráfico de drogas e outras formas degradantes daquele ambiente, o que não contribuem para o reconhecimento de sujeitos comuns, merecedores de estima social e respeito e tendo como conseqüência a dificuldade que indivíduos, moradores de favelas acabam adquirindo para demonstrar em se reconhecerem como tais e se engajarem numa luta pela construção de uma identidade mais positiva. Este fato revela um conflito entre, por um lado, a importância de se sentir pertencente a alguma coletividade que acolha e proteja os indivíduos e, por outro, o desejo de não se ver atrelado a um grupo que tem sido visto sob o estigma da violência, da marginalidade e da chaga social. Muitos indivíduos atribuem uma identidade aos moradores de favelas frequentemente com sentidos depreciativos.

A Mídia também está presente na dinâmica da construção da identidade. Como uma instância discursiva capaz de organizar e divulgar as mais diferentes opiniões e expressões. Representam uma mediação fundamental cuja habilidade de filtrar, midiatizar e enfatizar determinados temas oferece perspectivas, modela imagens, contribui na formação de identidades e incita a criação de contextos políticos e sociais de interação e debate. As representações exibidas pela mídia tendem à reprodução de estereótipos socialmente consolidados.

Estudos realizados na Antropologia, por exemplo, mostram que a favela vem sendo comumente interpretada como: o lugar da violência e do tráfico de drogas, o lugar da falta (ausência) e do caos e um problema social. Dessa forma os discursos sobre a violência, o tráfico, criminalidade, a ausência de infra-estrutura, de mecanismos de aplicação da lei e de perspectivas de vida, sobretudo para a população jovem, encontram acolhida em reportagens e matérias de diversos jornais, revistas, noticiários e outros programas de televisão e de rádio. No caso da violência, por exemplo, apesar de ela ser vista em qualquer lugar das cidades, a favela tem sido o lugar privilegiado pela Mídia para retratá-la, como exemplo a Série Cidade dos Homens, a qual é uma narrativa ficcional que aborda a vida de dois adolescentes no seu cotidiano na favela e os problemas enfrentados, como a violência, a carência material, a falência do ensino público, o preconceito social e racial, dentre outros. Dessa forma pode torna-se possível indagar acerca da contribuição que essas produções midiáticas poderiam dar à construção de identidades, às reflexões em relação ao conhecimento do “nós” e do “outro” e ao reconhecimento de uma possível identidade dos moradores de favelas como um grupo socialmente reconhecível por seus próprios membros.

Pensar em criminalização da pobreza, imediatamente nos remete às consideradas “áreas de risco”, favelas e regiões periféricas, espaços marcados pela miséria, discriminação e estigma. Ali, o indivíduo é rotulado como o bandido, o criminoso, em um discurso determinista, no qual o meio já seria uma pré-determinante para a criminalidade, e é na utilização desses discursos que são legitimadas incursões violentas das forças policiais às referidas localidades, que ali representam o poder do Estado e a mídia, com a capacidade de criar opiniões e moldar pensamentos, podendo até nos convencer da inocência ou culpa de um acusado. Cada vez mais, assistimos indivíduos carregando consigo a marca de ser “diferente”, pois não se enxergam nas propagandas consumistas, apenas nas páginas policiais, não tendo sua cultura própria cultura espacial afirmada, e sim negada como um erro. Mas afinal, qual espaço o acolhe e lhe oferece a chance de inserção plena dentro da sociedade?

Referências:

FRY, Peter. (2000), "Cor e Estado de Direito no Brasil", in J. E. Méndez, G. O'Donnell e P. S. Pinheiro (eds.), Democracia, Violência e Injustiça: O Não-Estado de Direito na América Latina. São Paulo, Paz e Terra, pp. 207-231.

RAICHELIS, Raquel. Gestão Pública e a Questão Social na Grande Cidade. São Paulo: Lua Nova, 2006.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. (1995), Cor e Criminalidade: Estudo e Análise da Justiça no Rio de Janeiro (1900-1930). Rio de Janeiro, Editora da UFRJ

sábado, 2 de julho de 2011

Violência Urbana e a Mídia

Este artigo é referente a disciplina Expressão da Questão Social I - cidades, escrito

pela aluna Marcelle Ferreira Ribeiro.

Violência Urbana e a Mídia

Não se pode negar que a violência urbana é um assunto que está sempre em debate na nossa sociedade e que a mídia, exerce um importante papel na nossa sociedade contemporânea. Mas como se dá a relação entre mídia e violência urbana? Como a violência urbana é retratada por ela? São assuntos que pretendo tratar ao decorrer desse artigo. Como base desse artigo, foi selecionada uma reportagem da revista Veja, que traz algumas das principais reportagens de capa sobre o tema da violência.

Primeiramente é importante entender o contexto da palavra violência. Para Minayo e Souza “a violência consiste em ações humanas de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de outros seres humanos ou que afetam sua integridade física, moral, mental ou espiritual.” (1998, p. 514). É importante ressaltar que a violência é um fenômeno mundial, de alta pluricausalidade.

Neto e Moreira corroboram com o tema, ao afirmarem que

é preciso reforçar a perspectiva de que a violência não é um fenômeno uniforme, monolítico, que se abate sobre a sociedade como algo que lhe é exterior e pode ser explicado através de relações do tipo causa/efeito como “pobreza gera violência” ou “o aumento do aparato repressivo acabará com a violência”. Pelo contrário: ela é polifórmica, multifacetada, encontrando-se diluída na sociedade sob o signo das mais diversas manifestações, que interligam-se, interagem, (re)alimentam-se e se fortalecem. (1999, p. 34).

Segundo Costa, “a violência, seja no campo ou nas cidades, sempre ocorreu, assumindo formas específicas conforme o momento histórico, e atingindo, preferencialmente, as camadas subalternas da população.” (1999, p. 3).

Neto e Moreira afirmam que a violência urbana é

apontada pela população das grandes metrópoles como sua principal preocupação, inserida em conteúdos programáticos de partidos políticos das mais díspares tendências, objeto de atuação de diferentes organizações não governamentais (ONGs), este fenômeno torna-se um assunto do quotidiano, sem que se tenha encontrado uma linha de atuação que contemple mais adequadamente os meios de prevenção e as formas de assistência. (1999, p. 34).

Segundo Costa (1999), no final dos anos de 60 e 70, jornais e revistas começaram a enfatizar o tema da violência em seus conteúdos, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Ainda de acordo com Costa, há uma variação nas características dos atos violentos com o decorrer dos anos.

Nos anos 70, assaltos brutais, tráfico de drogas e de armas, extermínios, homicídios e chacinas, praticados por policiais, bandidos ou pessoas comuns, multiplicaram-se em uma proporção assustadora. (...) Na década de 90, o sentimento das pessoas que vivem nas cidades brasileiras é de medo e perplexidade diante da brutalidade de muitos crimes, assaltos e homicídios. (1999, p. 3)

A reportagem da revista Veja, traz para o leitor as principais reportagens capa relativas a violência urbna, de um determinado período de tempo, e explicita quais foram os principais crimes ocorridos, que "mereceram" ganhar destaque na revista e consequentemente foram para a capa.

A primeira reportagem de capa da revista Veja sobre violência, foi em 1969, onde destacava a rapidez, a organização, a violência dos bandidos e o despreparo da polícia, no enfrentamento. Segundo essa reportagem, a criminalidade no Rio de Janeiro, sempre teve grande destaque na mídia. Em 1988, o assunto era a morte do traficante de drogas, chefe do morro da Rocinha.

Nos anos 90, dois crimes brutais chamaram atenção, o primeiro foi o massacre da candelária, em 1993, onde sete crianças foram mortas. E dois meses depois um grupo de extermínio, composto por integrantes da Polícia Militar (PM), invadiu a favela de Vigário Geral e matou 21 inocentes. A notícia de corrupção dentro da própria PM, e o envolvimento das autoridades em crimes era cada vez mais frequente.

Na década seguinte, o medo e a insegurança eram cada vez maiores. As reportagens relatavam à impunidade dos criminosos, a corrupção das autoridades, a falta de rigor na batalha contra a violência, dentre outros aspectos.

As principais notícias que ganham destaque na mídia, nos dias atuais são a corrupção, violência no trânsito, assaltos seguidos por morte, sequestros relâmpagos, golpes telefônicos, dentre outros.

A violência, a questão da segurança pública, são assuntos que estão sempre presentes, não só no debate político, mas também no nosso cotidiano. Diante dessa realidade desafiadora, é cobrado do Assistente Social esse debate, pois segundo Xavier,

Ao aproximarmos o Serviço Social desse debate, percebe-se o grau de importância de sua participação nessas discussões, visto que o assistente social se configura como um profissional que é cotidianamente chamado a intervir nas relações de violência sejam elas explícitas ou implícitas. (2008, p. 278).

Conclui-se, portanto, que a violência urbana é um assunto que está sempre presente na sociedade contemporânea e, consequentemente, ganha enorme destaque na mídia, desde jornais e reportagens a programas de televisão específicos. Quando exposto esse tema ao Serviço Social, verificou-se, a importância deste acompanhar o debate, seja pela sua intervenção em relações de violências (direta ou indiretamente), seja pelo papel que ele exerce na formulação de políticas públicas.


REFERÊNCIAS

COSTA, Márcia Regina da. A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira? São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 3-12, out./dez. 1999.

MINAYO, M. C. de S.; SOUZA, E. R. de. Violência e Saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. Revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 513-531, nov./fev. 1998.

NETO. C.; MOREIRA, M. R. A concretização de políticas públicas em direção à prevenção da violência estrutural. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 33-52, 1999.

XAVIER, Arnaldo. A construção do conceito de criminoso na sociedade capitalista: um debate para o Serviço Social. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 274-282, jul./dez. 2008.

http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/violencia-urbana-crimes-bandidos-assaltos-sequestros-armas-trafico-impunidade.shtml

sexta-feira, 1 de julho de 2011

SEGREGAÇÃO ESPACIAL URBANA


Esse artigo, trata brevemente sobre a questão da segregação espacial urbana, articulando com diversos autores que tratam dessa temática.

Trabalho final da aluna Vanessa Costa Pereira para a disciplina de Expressões da Questão Social - Cidades.


SEGREGAÇÃO ESPACIAL URBANA

Pensar a nossa cidade com todo o cenário de reconfiguração dos espaços urbanos é entender como está o agravamento da questão social advinda seja pelo encolhimento do trabalho, quer seja pela forma de precarização do mesmo.

De acordo com Maricato (2001), é impossível esperar que uma sociedade como está a nossa no momento, que é baseada em modelo de exploração e relações de privilégio e arbitrariedade, possa ter um caráter que não tenham características de segregação espacial.

A segregação ela se torna visível em determinadas cidades, basta uma volta pela cidade – e nem precisa ser uma metrópole – para constatar a diferenciação entre os bairros, tanto no que diz respeito ao perfil da população, quanto às características urbanísticas, de infra-estrutura, de conservação dos espaços e equipamentos públicos.

Essa segregação urbana traz diversos problemas as cidades, uma das dificuldades principais é a desigualdade em si, visto que, camadas mais pobres da população sofrem os pesares maiores com falta de saúde, de alimentação, de moradia, o criem, o medo, a violência, logo, são penalizadas moralmente também, tornando as diferenças ainda mais profundas.

Caldeira apud Raichelis (2006) apoiada em uma pesquisa empírica realizada na cidade de são Paulo entre 1988 e 1998, analisa a forma pela qual o crime, o medo à violência e o desrespeito aos direitos de cidadania tem se combinado com as transformações urbanas para produzir um novo padrão de segregação espacial nas últimas décadas.

Nesta lógica, a segregação seja ela espacial ou social é característica importante das cidades e, com elas são incorporadas os padrões de diferenciação social e de separação. Esses padrões se diferenciam ao longo dos séculos, pois, final do século XIX até os anos 1940, era uma cidade concentrada em que os diferentes grupos sociais se comprimiam numa área urbana pequena e estavam segregados por tipos de moradia.

Logo após, dos anos 1940 aos anos 1980 o que se predominou foi o desenvolvimento da cidade como segunda forma urbana, a centro-periferia, os diferentes grupos eram separados por grandes distâncias, onde as classes médias ficavam nos bairros centrais e os pobres viviam nas distantes periferias.

Porém, dede os anos 1980 se está convivendo com o padrão de centro-periferia, uma terceira forma urbana, que está gerando espaços onde os diferentes grupos sociais estão muitas vezes próximos, mas em compensação separados por recursos tecnológicos, por segurança, por renda mesmo, criando assim muros de desconfiança.

Para Caldeira (2000), esse novo padrão de segregação espacial é denominado de enclaves fortificados, que são os espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer e trabalho que pode ser exemplificado pelos condomínios, shoppings, escolas, hospitais etc.que podem possuir várias características comuns.

Este novo espaço, cujo exemplo analisarei brevemente neste estudo, tem sua justificativa maior na fuga e no medo do crime que, logo, atraem pessoas das classes médias e altas, que estão abandonando a esfera pública tradicional das ruas para os pobres, com isso, modifica significativamente a relação da cidade com a relação de território.

São espaços públicos, isolados por muros e grades, com detalhes arquitetônicos e extrema organização. Suas en­tradas e saídas são protegidas por guardas, que não só cuidam da segurança de quem está dentro, mas também controlam o acesso de quem vem de fora, os crachás, câmeras de vigilância, interfones e portões são instrumentos cada vez mais comuns nos portais de acesso a esses novos espaços.

Como exemplo citarei aqui neste breve estudo, os condomínios. São eles em geral luxuosos que permite ao indivíduo se sentir minimamente satisfeito com os recursos, visto que, muitos condomínios possuem diversos serviços no seu interior, fazendo com que as pessoas não precisem sair para o mundo lá fora para a satisfação de suas necessidades.


Esta forma de isolamento dos conflitos do meio urbano é abordada de forma cortante por Bauman, ao falar dos condomínios supervigiados como espaços bem-sucedidos de secessão.

Para o autor, a ‘elite’ busca, nessas comuni­dades cercadas, um distanciamento dos conflitos provocados pela intimidade confusa no dia-a-dia urbano: “O que seus moradores estão dispostos a comprar ao preço de um braço ou uma perna é o direito de manter-se à distância e viver livre dos intrusos” (BAUMAN, 2003, p. 52).

Por conseguinte, esse isolamento, acaba por segregar e individualizar mais ainda a vida cotidiana e o papel enquanto classe social, pois essa fica fragmentada, descentralizada. O indivíduo quando sai do enclave fortificado por vezes não possue uma interação com os outros indivíduos e quando essa relação acontece é apenas através do papel de subordinado e quem subordina.

Contudo, essa nova cartografia social da cidade, definida por Caldeira (2000) expressa a emergência de um novo padrão de organização das diferenças no espaço urbano, que redefine os processos de interação social e de sociabilidade coletiva, ou seja, promovendo acessos diferenciados à informação, à diversidade de oportunidades e aos equipamentos e bens públicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de Muros: crime, segregação e cida­dania em São Paulo. São Paulo: ed. 34 / Edusp, 2000.

RAICHELIS, Raquel. Gestão Pública e a Questão Social na Grande Cidade. São Paulo: Lua Nova, 2006.