quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Mulher na Criminalidade





Este texto, refere-se ao trabalho final da aluna: Letícia Santana Kaizer.



Diante da sociedade em que vivemos, a criminalidade está crescendo no mundo inteiro, de acordo com algumas pesquisas, tem aumentado também os crimes cometidos por mulheres.



De acordo com pesquisas públicas e entrevistas, a maior inserção das mulheres no mundo do crime, vem sendo no tráfico de drogas.



Antes dos anos 70 os crimes mais praticados pelas mulheres eram os passionais. Já entre as décadas de 60 e 70, a figura da mulher aprisionada, se revela em duas faces: a rebeldia e a delituosa. Dividida de um lado pelas questões políticas, onde o aprisionamento se dava em repúdio a ideologia e militâncias, não aceitas pelo poder maior do Estado. E por outro lado também aprisionadas, estavam às mulheres presas por práticas delituosas. O furto era o maior tipificador a garantir mandatos de prisões e condenações pela prática.



O processo de emancipação avançado da mulher vem trazendo consequências significativas, como: maior competitividade e integração nas relações sociais, conquistas de direitos sociais (embora nem sempre concretizados), entre outros.



O que se poderia esperar de tal avanço, contando também que a criminalidade em geral está constantemente atrelada a ele, ou seja, não está afastado de um modo de vida em sociedade, é que o perfil da mulher envolvida com o crime também viria a sofrer modificações. Mas o que vem acontecendo na verdade é que as manifestações da criminalidade feminina estão se difundindo nos campos chamados de tradicionais.



Provavelmente o impacto mais importante desse processo de mudanças se dá no tráfico de entorpecentes, onde o crime em questão tem abandonado o estereótipo do homicídio passional – com forte conteúdo de amor e ciúme – passando a ter cada vez mais presença em delitos violentos, como roubos (seguidos ou não de morte) e sequestros.



Embora havendo, nos crimes de sequestros e extorsões indicativos de crescente participação feminina, mesmo com atribuições secundárias, como vigília, alimentação no cativeiro, contato com a família e etc., o tráfico de drogas ainda é o delito responsável pela presença cada vez maior de mulheres em suas estatísticas.



O tráfico vem superlotando as prisões, pois, além de não requerer experiências, aparece como uma forma “rápida” de ganhos. Mantendo-se quase sempre com “vasta e barata mão-de-obra”, consegue se estabelecer dentro do seu “mercado” como uma empresa.



É uma empresa concentradora de renda, altamente lucrativa, que utiliza mão-de-obra barata. É uma empresa que se estabeleceu num espaço onde ela não tem nenhuma preocupação com exigências legais ou cobranças de impostos. É uma empresa com forte produção de alienação de trabalho, onde a mão-de-obra não tem menor idéia do quanto rende a empresa. E o efeito social disso é terrível. (FREIXO, 2006).



Dentro de tal contexto a mulher se introduz como mão-de-obra que conta com certos atrativos, como por exemplo, uma menor suspeição junto à polícia, maior interação com a comunidade, entre outros.


Como dito claramente anteriormente, o tráfico envolve uma organização da atividade do tipo empresarial, onde, segundo Freixo:
O crime é muito organizado no Brasil. É tão organizado que sua real organização não é visível. O que boa parte da imprensa e da opinião pública entende como crime organizado é exatamente onde ele não se organiza – nos setores mais pobres, onde o que existe é o ponto final de um investimento absolutamente hierárquico, lucrativo e desigual. (2006).
O que acaba contribuindo, e muito, para a inserção da mulher no mundo do crime na maioria das vezes é a falta de oportunidades, somada à responsabilidade perante os filhos e o fato de estar desempregada – ou possuir uma qualificação profissional de menor status social e econômico ligado, quase sempre, à sua baixa escolaridade ou até mesmo ou até mesmo serem analfabetas – vendo-se assim diante de “vantajosas ofertas” as quais não se encontram facilmente em outras áreas. Estando, no presente, em total estado de miséria, encontram fartas promessas futuras no tráfico, passando este a exercer o papel de uma oportunidade na hora exata.
Sendo assim, os fatores sócio-econômicos geralmente são associados à criminalidade urbana, sendo estes, como ressaltados anteriormente, cada vez mais presentes nos crimes femininos.



Mesmo sendo uma estatística crescente as mulheres continuam sendo uma parcela muito pequena nesse mundo do tráfico, se comparada aos índices masculinos, porém isso não impede que o sexo feminino continue caminhando rapidamente e em grupos grandes para o universo da marginalidade.


Relacionando o exposto acima com Minayo; Souza (1998), pode-se perceber que o motivo principal da mulher na criminalidade, entre outros, é a condição socioeconômica, não está relacionado à um fator biologizante ou natural/inerente ao ser humano, muito menos pela falta de autoridade do Estado, e sim pela sua ausência no que se refere à políticas públicas eficazes destinadas a essa população.

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